terça-feira, 24 de julho de 2012

Metades.



Metade emoção. Meta razão. Medo. No fundo dos olhos, um sentimento sem nome grita silenciosamente.
Bebo um gole de café, já frio, da xícara de flores roseadas. Olho pela vidraça, a chuva cai lá fora.  E penso em você. Penso demais em você. Como se eu quisesse desesperadamente fugir.  E em um golpe de surpresa, lutasse desesperadamente para voltar. Você, você que eu escrevo versos e não compreende. Você que assassina meus delírios mais loucos e me faz manter o pé no chão. Eu articuladamente troco de posição e vôo, vôo mais alto que antes. Vôo até bater no céu, ou um passarinho cagar na minha cabeça durante um sonho e eu acordar.
Minha vida é feita de poesia, meu bem. Poesia, afeto, lembranças, histórias. Amigos, família, e você.
Você que invade meus pensamentos, princiálmente noturnos – esses são os piores – pois te falam a verdade sem medo, como um soco no estômago.
Então você me dá um beijo de leve, “se cuida moça”, vira as costas, dá uns três ouquatro passos e está de votla a sua vida real. Eu fico no surreal por mais alguns instantes, pensando em tudo que eu havia para lhe falar, e não falei. Tentando compreender teu comportamente louco, às 4 da tarde de uma segunda-feira chuvosa.
Eu olho no fundo dos teus olhos e você diz que está tudo bem, repete três ou quatro vezes, sabe que eu sou teimosa- isso precisa entrar na minha cabeça.
Mas o que faz esse sentimento ser assim?
Eu olo no fundo dos teus olhos e você pergunta o que aconteceu.
Eu respondo baixinho, que procuro você.
Você ri, dá mais alguns passos enquanto olha para mim com um jeito que eu não sei explicar, e eu lhe respondo...
Procuro quem é você dentro deste olhar.
Você continua rindo baixinho e diz que eu já lhe conheço.
Conheço, sim. Mas não conheço quem está por trás desse olhar.
Você ri engraçado e me abraça.
Por um instante eu paro de pensar em todas as perguntas babacas – que eu formulo sozinha todas as noites.
E não procuro mais explicações.
Simplesmente me perco. Me sinto envolta nos teus braços e me perco no teu olhar. Olho pra você e respondo: eu sei, está tudo bem.
E nada mais importa. Mesmo eu fingindo que não.
Uma lágrima desce devagar, o coração bate mais rápido.Eu olho pra você com a cara mais normal do mundo enquanto um furacão passa pelo meu interior. Eu fico calma, não seguro tua mão – notaria meu tremor. Me agarro em qualquer coisa palpável pra disfarçar.
Por alguns instantes eu queria que você tomasse conta dos meus pensamentos e pudesse ler tudo que está se passando aqui. Quem sabe seria mais fácil, já que na minha posição, não consigo explicar.
Eu olho pra longe, enquanto penso nas possibilidades. Você me julga tão sonhadora, tão preocupada com o futuro. Queria esperar o que de uma mulher que tem como símbolo de seu signo uma figura metade homem metade cavalo, com uma flecha apontando em direção ao céu?
A verdade é que nunca acreditei nessas babaquices. Embora sempre leia o horóscopo quando o vejo em minha frente.
Mas, você sabe. Tarô, búzios, cartas, simpatia, horóscopo:  nada funciona se nós mesmos não estivermos ao nosso favor. Eu já estou. Resta saber você.
Dia marcado, hora certa, data prevista. Dia qualquer, hora impensada, data inusitada. Não tem como prever o  destino. Embora,eu acredite que nossas escolhas possam provocar sérias mudanças.
O jeito é ir trilhando o caminho, com os dedos cruzados. Uma espécie de “eu vou decidir o meu destino”, misturando com um pouquinho de “fique à deus dará”. E assim o baile segue. Eu decido, a vida se ajeita. Tudo certo como 2+2 são 4.

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