Metade emoção. Meta razão. Medo. No
fundo dos olhos, um sentimento sem nome grita silenciosamente.
Bebo um gole de café, já frio, da
xícara de flores roseadas. Olho pela vidraça, a chuva cai lá fora. E penso em você. Penso demais em você. Como se
eu quisesse desesperadamente fugir. E em
um golpe de surpresa, lutasse desesperadamente para voltar. Você, você que eu
escrevo versos e não compreende. Você que assassina meus delírios mais loucos e
me faz manter o pé no chão. Eu articuladamente troco de posição e vôo, vôo mais
alto que antes. Vôo até bater no céu, ou um passarinho cagar na minha cabeça
durante um sonho e eu acordar.
Minha vida é feita de poesia, meu
bem. Poesia, afeto, lembranças, histórias. Amigos, família, e você.
Você que invade meus pensamentos,
princiálmente noturnos – esses são os piores – pois te falam a verdade sem
medo, como um soco no estômago.
Então você me dá um beijo de
leve, “se cuida moça”, vira as costas, dá uns três ouquatro passos e está de
votla a sua vida real. Eu fico no surreal por mais alguns instantes, pensando
em tudo que eu havia para lhe falar, e não falei. Tentando compreender teu
comportamente louco, às 4 da tarde de uma segunda-feira chuvosa.
Eu olho no fundo dos teus olhos e
você diz que está tudo bem, repete três ou quatro vezes, sabe que eu sou
teimosa- isso precisa entrar na minha cabeça.
Mas o que faz esse sentimento ser
assim?
Eu olo no fundo dos teus olhos e
você pergunta o que aconteceu.
Eu respondo baixinho, que procuro
você.
Você ri, dá mais alguns passos
enquanto olha para mim com um jeito que eu não sei explicar, e eu lhe
respondo...
Procuro quem é você dentro deste
olhar.
Você continua rindo
baixinho e diz que eu já lhe conheço.
Conheço, sim. Mas não
conheço quem está por trás desse olhar.
Você ri engraçado e
me abraça.
Por um instante eu
paro de pensar em todas as perguntas babacas – que eu formulo sozinha todas as
noites.
E não procuro mais
explicações.
Simplesmente me
perco. Me sinto envolta nos teus braços e me perco no teu olhar. Olho pra você
e respondo: eu sei, está tudo bem.
E nada mais importa.
Mesmo eu fingindo que não.
Uma lágrima desce
devagar, o coração bate mais rápido.Eu olho pra você com a cara mais normal do
mundo enquanto um furacão passa pelo meu interior. Eu fico calma, não seguro
tua mão – notaria meu tremor. Me agarro em qualquer coisa palpável pra
disfarçar.
Por alguns instantes
eu queria que você tomasse conta dos meus pensamentos e pudesse ler tudo que
está se passando aqui. Quem sabe seria mais fácil, já que na minha posição, não
consigo explicar.
Eu olho pra longe,
enquanto penso nas possibilidades. Você me julga tão sonhadora, tão preocupada
com o futuro. Queria esperar o que de uma mulher que tem como símbolo de seu
signo uma figura metade homem metade cavalo, com uma flecha apontando em direção
ao céu?
A verdade é que nunca
acreditei nessas babaquices. Embora sempre leia o horóscopo quando o vejo em minha
frente.
Mas, você sabe. Tarô,
búzios, cartas, simpatia, horóscopo:
nada funciona se nós mesmos não estivermos ao nosso favor. Eu já estou. Resta
saber você.
Dia marcado, hora
certa, data prevista. Dia qualquer, hora impensada, data inusitada. Não tem
como prever o destino. Embora,eu
acredite que nossas escolhas possam provocar sérias mudanças.
O jeito é ir
trilhando o caminho, com os dedos cruzados. Uma espécie de “eu vou decidir o
meu destino”, misturando com um pouquinho de “fique à deus dará”. E assim o
baile segue. Eu decido, a vida se ajeita. Tudo certo como 2+2 são 4.
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